Em qual contexto você anda se exigindo dar conta de tudo?
Esse aqui foi o meu último episódio recente.
Tem pouco mais de um mês que voltei de Alphaville/SP para São Paulo/SP com meu noivo e nessa mudança decidimos:
Não cozinhar em casa no dia a dia pela bagunça, pouco espaço e para otimizar nosso tempo;
Ter uma diarista porque ambos detestam tarefas domésticas e adoram uma casa limpinha e cheirosa!
Hoje a diarista veio pela primeira vez, uma querida diga-se de passagem. Obrigada gentil vizinho, que ainda não conheço, pela boa indicação.
Com relação às tarefas domésticas é mais ou menos assim que me sinto (risos):
Poucas tarefas são mais como a tortura de Sísifo do que as tarefas domésticas, com sua repetição infinita: a limpeza fica suja, a sujeira fica limpa, repetidas vezes, dia após dia.
Simone de Beauvoir
Acontece que, tomando banho antes dela chegar, me peguei pensando:
eu não deveria pagar alguém pra limpar minha casa, se sou capaz de fazer sozinha;
meu apartamento é pequeno, com boa vontade posso fazer rapidinho;
que folga eu estar fazendo outras coisas enquanto alguém limpa minha casa;
Esse tipo de questionamento aparece com frequência, mesmo quando a escolha é óbvia, por aí também? Por que a gente se cobra tanto? Por que achamos que precisamos dar conta de absolutamente tudo sendo que, obviamente, a gente não dá? Por que nos exigimos além da conta?
Por outro lado, pensei: qual o problema em aceitar ajuda? Minha diarista ficou feliz em conseguir fechar uma segunda faxina no prédio no mesmo dia. Ela aproveitou o deslocamento e ainda garantiu mais uma cliente para o seu negócio, negócio esse que ela verbaliza gostar muito, nas palavras dela "cuido de várias famílias”. O que parece ser uma "folga" da minha parte para minha Magda (interna), na verdade é uma relação em que todas saem ganhando.
Então, por que essa culpa? Esse pensamento de que "deveríamos" fazer tudo sozinhas? Será que essa cobrança realmente nos faz bem? Será que delegar certas atividades não é, de fato, um ato de autocuidado e de crescimento, tanto pessoal quanto profissional?
O fato é que não precisamos dar conta de tudo (eu sei!). Às vezes, é preciso soltar o controle e entender que a ajuda é parte do nosso caminho. Isso não é sinônimo de fraqueza e deixa a vida mais leve.
Resultado? Quero ela toda semana aqui em casa.
Ela cuidou até das minhas plantas, coisa linda de ver e de sentir.
Especialmente quem mora longe da família sabe quão precioso é se sentir cuidada.
Recomendo.
Falando sobre quem nos ajuda em casa!
No primeiro contato que fizemos, ao perguntar quanto era a faxina ela disse R$ 200,00 (meia diária), Na sequência, antes de qualquer resposta, ela já complementou com um, mas para você faço por R$ 160,00. Sem, é claro, qualquer pedido de desconto da nossa parte.
Qual o motivo do imediato desconto? Ainda não tenho intimidade o suficiente para perguntar, mas fato é que R$ 40,00 pode ser pouco para você, mas representa 20% do valor total do serviço dela. Serviço esse que além de tudo tem custo, o custo do transporte e do presente que ela me deixou (alô, experiência do cliente!!).
Eu sou sim a rainha do desconto frente a grandes empresas. Aplico o cupom em cima da promoção na Renner, uso todos os cupons possíveis que o iFood me oferece. Amo uma promoção da Zara e sempre que entro no site da Sephora, dou uma olhadinha na página de ofertas e descontos. Sou daquelas que espera uma promoção para fazer uma compra e que se orgulha de pagar barato em coisa boa.
No entanto, quando estou falando do trabalho de uma prestadora de serviço, especialmente quem trabalha com atividades de cuidado, busco olhar por outra ótica e considerar o contexto no qual estamos inseridas. A gente sabe bem a cultura do país em que vivemos, o preço das coisas no mercado e como a pandemia afetou esses trabalhos…
Coincidentemente ou não ontem um cliente tentou reduzir 20% do valor dos nossos honorários e achei bem significativo, não aceitamos a contraproposta. Hoje do lado oposto da contratação, paguei o valor integral.
Penso que a justiça que a gente tanto busca fora começa dentro da nossa casa, então deixo o convite: se você tem quem te ajude em casa e tem mais de 1 ano que não reajusta o valor, que tal propor você mesma?
Use a calculadora do Banco Central para te guiar e corrigir o valor pelo menos pelo índice inflacionário, afinal, como você deve estar cansada de me ouvir dizer, a inflação consome o poder de compra do nosso dinheiro ao longo do tempo.
Talvez não seja muito, mas certamente já será alguma coisa e poderá reverberar mais do que você imagina.
Por aqui, tenho o compromisso de passar meu conhecimento para frente e você?
Com carinho,
Bruna
Lembrete ;))
Nos vemos no próximo Money Talks, terça, dia 29.10, às 19:30 (BR), um encontro aberto e gratuito para falarmos sobre dinheiro entre mulheres. Clique aqui para adicionar o evento ao seu calendário e não correr o risco de esquecer.